PROPOSTA DA OFICINA DE ILUSTRAÇÃO CRIATIVA:
IMAGEM, RITMO E ANCESTRALIDADE

A cultura brasileira é profundamente marcada pelas matrizes africanas, que se manifestam em nossas linguagens, espiritualidade, corporalidade, musicalidade e formas de simbolizar o mundo. Reconhecer e estudar essas raízes não é apenas um exercício histórico, é também um gesto de valorização identitária, intelectual e social. Em um país construído a partir de múltiplas diásporas e encontros culturais, compreender a contribui  africana para a formação nacional significa ampliar repertórios sensíveis e cognitivos, contribuindo para uma educação mais plural, inclusiva e crítica.

Nesta perspectiva, a oficina de ilustração criativa “Tambor, o Senhor da Alegria: imagem, ritmo e ancestralidade” propõe uma vivência criativa que utiliza a música como mediadora entre memória coletiva, expressão individual e construção estética. Ao trabalhar a letra da canção “Tambor, o Senhor da Alegria” (Marcelo D2 - Feat. Criolo) somos convidados a explorar o universo visual da narrativa, que tem no tambor o símbolo de presença, resistência e celebração; um instrumento que, na tradição africana e afro-brasileira, transcende sua dimensão sonora para ocupar a esfera espiritual, comunitária e ritualística.
A música, neste contexto, opera como elemento conector entre seres humanos, ativando sensações, histórias e movimentos internos que reverberam para a experiência criativa. Ela não apenas embala o corpo: ela convoca ancestralidade, território e pertencimento. Ao interpretarmos visualmente a narrativa cantada, somos convidados a exercitar nossa imaginação, sensibilidade e repertório simbólico, transformando sons em formas, ritmos em gestos, palavras em cores, em uma experiência multisensorial unindo música, ilustração, simbolismo e emoção.
A ilustração, assim, torna-se instrumento de reflexão crítica e de afirmação identitária. O processo ilustrativo aqui proposto não busca apenas representar a música, mas dialogar com ela, traduzindo seus sentimentos, metáforas, ritmos e camadas históricas. Trata-se de uma prática que integra estética e ética, estimulando o olhar criativo ao mesmo tempo em que promove reconhecimento cultural e consciência da herança africana na formação do Brasil.

Mais do que uma atividade artística, a oficina “Tambor, o Senhor da Alegria: imagem, ritmo e ancestralidade” é uma experiência sensível de conexão e escuta: de si, do outro e da ancestralidade que pulsa no ritmo percussivo. Ao final, a ilustração torna-se registro visual daquilo que foi sentido e compreendido, reforçando a arte como caminho para a construção de narrativas mais amplas, plurais e potentes sobre quem somos enquanto indivíduos e enquanto sociedade.
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